Confrontos entre grupos extremistas causam 200 mortos no nordeste da Nigéria
Cerca de 200 pessoas morreram no domingo em confrontos entre dois grupos extremistas islâmicos na Nigéria, no estado de Borno, onde o exército anunciou hoje que resgatou 86 reféns numa operação antiterrorista.
Os combates entre o Boko Haram e o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês) eclodiram no domingo na cidade de Dogon Chiku, nas margens do lago Chade, de acordo com fontes da agência de notícias France-Presse (AFP).
"De acordo com o balanço que obtivemos, cerca de 200 terroristas do ISWAP foram mortos nos combates", declarou à AFP Babakura Kolo, membro de uma milícia que apoia o exército nigeriano.
O número de mortos do ISWAP foi confirmado à AFP por um antigo membro do Boko Haram, que, segundo o mesmo, perdeu quatro membros nestes confrontos.
Uma fonte dos serviços de informação nigerianos a operar na região afirmou à AFP estar a acompanhar de perto as consequências dos confrontos, que causaram "mais de 150 mortos".
"Temos conhecimento dos combates, que são uma boa notícia para nós", acrescentou a mesma fonte.
O exército nigeriano localizou também no domingo combatentes de ambos os grupos na localidade de Dutse Kura, depois de terem descoberto que estavam a raptar civis, informou o porta-voz do exército nigeriano, Sani Uba, num comunicado divulgado na madrugada de hoje na rede social X.
"As tropas frustraram o ataque, perseguiram os terroristas até Mangari e derrotaram-nos num novo confronto perto de um acampamento, obrigando-os a fugir em debandada", declarou Uba, acrescentando que "ao revistar a zona, (...) resgataram 86 pessoas sequestradas, entre elas homens, mulheres e crianças".
O porta-voz precisou que o acampamento foi destruído e que, durante a operação foram apreendidas armas, munições e veículos.
O exército também informou que, numa outra operação, as tropas destacadas para a localidade de Mangada, no mesmo estado, detiveram 29 fornecedores logísticos dos grupos extremistas.
As operações ocorreram dois dias depois de o novo chefe do exército da Nigéria, Waidi Shaibu, ter instado as tropas a manter uma "pressão constante" contra os grupos no nordeste, após o Presidente norte-americano ter advertido sobre uma possível ação militar no país africano, ao acusar o Governo nigeriano de "permitir a matança de cristãos".
O nordeste da Nigéria sofre ataques do Boko Haram, desde 2009, o que se agravou com a divisão do grupo em 2016, motivada por divergências ideológicas, nascendo assim o ISWAP.
O Boko Haram e o ISWAP já mataram mais de 35 mil pessoas - muitas delas muçulmanas - e provocaram cerca de 2,7 milhões de deslocados internos, sobretudo na Nigéria, mas também nos países vizinhos Camarões, Chade e Níger, de acordo com dados oficiais.